segunda-feira, 24 de março de 2008
O dar das mãos
O dar das mãos está frio,
está frio e gelado,
ficam aqui em silêncio
as mãos que nunca se dão...
Sou uma marioneta do passado, embriago-me da dor e preencho-me de perda, o meu maior vício é a solidão, a minha maior memória é a tristeza. Recordações? De agora em diante só quero ter uma ou duas, as outras estão fechadas no baú da minha infância, a sete chaves, tomara eu não me lembrar já delas.
Sinto o gelo a preencher os contornos da minha face,
a trajectória ideal das mãos é a entrega...
afastei as rugas do rosto para ter um sorriso limpo.
a trajectória ideal das mãos é a entrega...
afastei as rugas do rosto para ter um sorriso limpo.
Silêncio! Silêncio!
São mãos que nunca se dão.
São mãos que nunca se dão.
A exactidão dos limites é a imprecisão dos dedos que os desenham. Fecho a porta e espreito pela janela, estás longe de tudo o que queria perto, estás aqui. A perene sensação de fraqueza, imprudente falha no sistema linear desta vida. Empurro o vagão contra as paredes e deixo que se abata tudo. Quero lá saber! O mundo é tão pequeno...
Dá-se tudo agora mas já não se dão as mãos
e quanto mais se tenta dar
mais se perde tudo
na vagarosa e irrequieta mania de se querer
sempre mais.
Dá-se tudo agora mas já não se dão as mãos
e quanto mais se tenta dar
mais se perde tudo
na vagarosa e irrequieta mania de se querer
sempre mais.
No silêncio fica escondido o dar das mãos,
remoto fechar do túmulo da desilusão.
Escondo-me em ti.
Fico por aqui.
remoto fechar do túmulo da desilusão.
Escondo-me em ti.
Fico por aqui.
... resta-me o dar das mãos.
A pele que é pele nunca esquece o toque, o toque que é toque nunca deixa que se esqueça a pele, pele na pele, dar de mãos, o resto passa por nós agitando bandeiras brancas em sinal de paz, a minha voz fugiu.
4 comentários:
No toque se eterniza o sentido de cumplicidade, a beleza do tempo que se retém,a vida que se faz sentir em instantâneos. Dás-me a tua mão?
Obrigado pela visita ao meu cantinho.
Decidi retribuir e ainda bem que o fiz.
começo por este dar das mãos. As mãos, o toque, o sentir, o despertar do tacto, a sensualidade de um toque suave, a revolução de uma mão firme, o arrepio de uma mão certeira.
Mas... quando as mãos já não se dão, quando a frieza é perpétua, quando a pela que outrora suave se torne agora fria, que desilusão, que sentimento de perda.
As mãos dizem muito de nós, se elas falassem, se elas pudessem ver o que sentem, se elas ouvissem, se elas alguma vez pudessem sentir o cheiro inebriante da pele que tocam...
Sabes, simplesmente adorei a tua escrita.
Vou passar mais vezes. Parabêns.
Querida, não foi a sua, foi a minha voz que fugiu...
"Dá-se tudo agora mas já não se dão as mãos
e quanto mais se tenta dar
mais se perde tudo
na vagarosa e irrequieta mania de se querer
sempre mais."
Será que é isso, será que a gente perde as coisas pq elas se vingam da gente não estar satisfeito só com elas e querer mais? Eu já ganhei e já perdi, mas aprendi mais com a perda, e agora, estou mais serena, mais feliz com o que tenho comigo, mesmo que sejam só lembranças, e mais agradeço a Deus do que peço para mim.
Margarete, o seu jeito de escrever é simplesmente lindo! Com certeza, esse seu cantinho vai ser parada obrigatória para muitos, inclusive eu. Parabéns!!!
Beijos doces cristalizados, uma chuva de pétalas de cristal, e uma semana bem além das suas expectativas!!! :o*
dou-te as mãos porque os teus vinte anos lembram-me os meus, havia sempre uma gotinha de orvalho pronta a cair dos meus olhos e como teimava em se manter dançando nas palpebras, dava sinal aos meus dedos que desenhavam as frases de forma parecida com as tuas.
hoje é um pouco diferente, mas no entanto a tua escrita serve para eu vasculhar os cantinhos de mim que foram levemente passando, por isso Adoro este teu espaço!!!
até chego a entender a tua "pressa" de publicar neste espaço a toda a hora!
Extra coment:
quando souber o dia de promoção do meu livro no Norte Shopping te direi!
Beijo do amigo Jorge
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