quinta-feira, 27 de março de 2008
Tiro o véu à dança e o chapéu ao baile...
Descalço-me e bailo em teus olhos,
serpenteio o coração nas tuas mãos,
pensamento,
sentimento,
tudo me parece de ambos.
serpenteio o coração nas tuas mãos,
pensamento,
sentimento,
tudo me parece de ambos.
Se estou quieta penso que o vazio é um lugar demasiado incerto para se estar, se me agito oiço a breve melodia dos teus beijos, respiro-me na tua pele, encanto-me no teu olhar e antes que finde a ilusão quebro a distância num suspiro. Se a palavra se demora eu irrequieta não a deixo descansada, se o silêncio se evapora confesso que sofro calada.
Em soprano ecoa a tua voz no meu coração,
em contralto a minha voz ecoa dentro do teu.
em contralto a minha voz ecoa dentro do teu.
Já bailei descalça sobre a tua alma, estendi meus passos num salão de dança, cravei com espinhos a indelicadeza dos gestos, suguei a magia dos poros e li-te aos vales e montes do meu corpo em carícias que me ofereci. Se as tuas mãos tocassem a minha súbtil existência tatuando-a com o teu tacto, se... se eu estivesse a dois passos de ti e a um palmo de mim...
... entre o meu corpo e eu
ainda mora um palmo de sonhos inteiros.
ainda mora um palmo de sonhos inteiros.
Esconjuro a eternidade das promessas ocas que se soltaram de uma boca trapaceira, lábios mentirosos. O coração que inventou umas palavras ilusórias ainda bate! Maldita quietude subverssiva, malditos passos que se pervertem... corrompida está a verdade que se desenhou diante de nós, apodrecida fala que não se revelou em acto.
Tiro o véu à dança e o chapéu ao baile,
descalça permaneço insinuando o ataque...
descalça permaneço insinuando o ataque...
Destapei-te mas não te encontro.
Onde te perdes?
Onde te desmereces?
Rezo baixinho no prelúdio dos teus contornos, apregoo o sentimento às suas origens, oro aos meus pés descalços, uma última dança. Rasgo a pele com a estranheza desmoralizante em mim, eis que surge ao longe o equinócio dos corpos abençoados pela chuva.
Onde te perdes?
Onde te desmereces?
Rezo baixinho no prelúdio dos teus contornos, apregoo o sentimento às suas origens, oro aos meus pés descalços, uma última dança. Rasgo a pele com a estranheza desmoralizante em mim, eis que surge ao longe o equinócio dos corpos abençoados pela chuva.
Março canta a chuva ainda de pé,
agita os braços à Primavera notória,
eu subo às paredes da minha alma
e bailo, bailo em teus olhos...
agita os braços à Primavera notória,
eu subo às paredes da minha alma
e bailo, bailo em teus olhos...
5 comentários:
Permite, que apelide esta tua dança como um bolero, o de Ravel , intenso de beleza e suavidade, pleno de «conspirações» e toques interiores,em suaves doçuras e cortesias infinitas....
bj
Tiro o chapeu à tua dança. Aproximas-te cada vez mais da mestria filosofa
Quase que não me deixas respirar tal a "intimidade" entre os teus textos e os meus.Só que os meus, como vão ser passados a livro não devo publicar no blog por enquanto.
Digo-te de coração que neste momento és quem eu mais gosto de ler.
Beijo super carinhoso.
aguarda por favor quinze dias pela minha nova publicação...
Dizer que gostei é pouco.
Não tenho palavras.
Até a fotografia é perfeita.
Cheira-me que o Março vai apanhar uma daquelas constipações à antiga...
"Em soprano ecoa a tua voz no meu coração,
em contralto a minha voz ecoa dentro do teu."
Ecos...<3
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