sábado, 27 de setembro de 2008
como quem fala de ti
falar de ti é esperar que o mundo se acanhe e volte para o lugar de onde veio, é esperar que a vida se recomponha e fuja, é esperar que o tempo se esconda nos ponteiros de um relógio qualquer. falar de ti é sentir as pontas dos dedos fervilhar, o caminho de regresso a ser carne do meu corpo, a boca do meu beijo a ser o lugar das lágrimas, falar de ti é chorar, chorar como quem perde vida, como quem gasta tempo, como quem foge do mundo. falar de ti é ser atropelada ao fundo da rua estreita que dá para tua casa, parar na passadeira, olhar a tua janela e ver o fumo do teu cigarro, falar de ti é recordar-te os dedos da mão e vê-los escrever uma antologia de poemas de amor. falar de ti é sentir os dedos da morte carregar no gatilho e ver a bala correr na direcção do meu peito, é ver o meu coração em carne viva, é ser sangue a jorrar por todo o lado, é ser peito em ruínas, casa desmoronada, ferida aberta, queimadura ao sol. falar de ti é morrer, morrer de amor.
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