sexta-feira, 24 de outubro de 2008
ela e a sua corcunda deram a volta à praça e foram aninhar-se no segundo banco virado para o mar. lembrou-se do barco ancorado no cais em frente, dos marinheiros vestidos todos de igual, das mãos erguidas em acenos num azul claro como o que hoje não está. eram sete da manhã e as gaivotas passeavam na praia, um jovem corria na areia ao som de uma música qualquer, ao longe um pescador montava o material, algumas pessoas caminhavam na marginal, manhã apressada esta e ela ali, tão só quanto sozinha. deixou-se fechar os olhos por alguns minutos, voltar atrás, ao tempo em que estes eram duas poças de água salgada, ao tempo em que as suas mãos eram modas antigas que passam de boca em boca. ela chorou com os braços segurando a cabeça. os pombos ofereceram-lhe a sua tristeza e algumas gaivotas vieram juntar-se a eles. a solidão é uma agulha.
1 comentários:
Se a solidão é uma agulha imagine do que ela é capaz ao bordar de tantos propósitos.
Cadinho RoCo
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