domingo, 9 de novembro de 2008
então é este o fim do livro, a última página encarcerada entre um adeus e o destino. o livro será fechado e amachucado contra outros livros na segunda prateleira da estante e morrerá a poesia toda do livro, devagar entre algumas despedidas e muitos destinos tão trágicos como o dele. é este o fim de todos os livros que se leiam no intermédio, entre as novelas do tempo comum e o futuro próximo, quando o dia ainda vai a meio e a porta se mantém entreaberta. ainda ontem passeava com o livro pelos passeios de lisboa, cruzava as ruas ao meio para lhe mostrar as rectas e as curvas, as verticais e horizontais de tantos prédios, até o perder de vista, porque o livro soltou-se-me das mãos e foi pelas diagonais dos corpos, página a página, alojar-se na praça e murchar com as folhas. típico da estação. parou no tejo com a tarde entre linhas ou frases, a mergulhar com alguns restos de papoilas murchas, a morrer afogado pela enchente. e foi livre, todo o livro é livre mesmo que morto porque as palavras trazem a eternidade presa em cada sílaba.
2 comentários:
E o destino pode ser a prateleira mas isso não significa o esquecimento,a insignificancia...
Beijo
o fim da história, esse mito terrível. o fim da rádio: sem ninguém que nos ouça, sem ninguém para ouvir *
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