domingo, 2 de novembro de 2008
fica comigo o tempo de duas passas, conta-me a tua vida entre as mãos dadas por baixo da mesa, não tenhas medo que a minha boca é um casulo onde minhocas se tornam borboletas. e diz-me onde arranjaste esse sorriso que o meu há muito apodreceu, sentado à porta de casa, à espera de quem não voltou. encontra-me uma razão, uma pequena, que chegue para justificar o meu silêncio ou qualquer coisa que me abrace a solidão inteira. é que, sabes, a minha vida é tão vazia e o relógio não mata o tempo nas paredes da casa, já não resta nada, a não ser o ensurdecedor barulho dos ponteiros a atrasar a morte de um corpo embalsamado. por isso hoje não deixes que se apague o cigarro e enquanto fumas fala-me de ti, eu tenho o tempo todo sentado aos pés, ferido como um cão abandonado, e diz-me lá de que pegadas se fazem os teus passos que os meus gostavam de saber por onde ir. se não te apetecer falar de amor, não fales, de amor prefiro saber pouco, dizem que o amor é o caminho que cruza a terra de um lado ao outro o caminho que me pertence é no meridiano ao lado. se te perguntarem de que são feitos os meus dias, não lhes fales em lágrimas, muito menos em dor, diz-lhes que trago no rosto um eterno sorriso de quem é feliz sem saber. eu não quero que me conheçam assim triste, é que, sabes, um dia destes morro.
3 comentários:
A Lua sangra no celeste
Aprisionada está a razão
Olhos sem a virtude da luz
Uma fria pedra no coração
Um banco de jardim
É leito do rei da sarjeta
Almofada de encardido cartão
Acomoda esta carcaça inquieta
Bom domingo
Mágico beijo
por vezes até me esqueço do quanto gosto de visitar este teu espaço
*
Este casa que visito, parece-me uma casa mais fechada do que aberta... sai dessa janela e abre outra janela e verás que de lá a paisagem é diferente...
Quidam
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