sábado, 8 de novembro de 2008
a rua morde-me os pés, deita-se ao fundo com o passeio colado às paredes de todas as casas, espreguiça-se nas janelas onde o reflexo das árvores se aninha. na rua do teu nome morre um pássaro abandonado na berma do coração, deitado dá o último guincho e a morte beija-lhe o bico. a rua que é de ti deita-se à porta dos meus dias e fica encorajada pelos cheiros que lhe chegam de longe, dos limoeiros do pomar. fica a ver partir os minutos no relógio, a gemer os segundos nas pupilas e com os olhos arregalados vê-me ir, passo a passo de encontro à casa, a velha moradia atrás da cebe onde os bichos, vindos do mato, se escondem entre os arbustos. e de perto, cada vez mais perto, a rua do teu nome decora-me os gestos, como pautas de uma canção. os dedos partem-se contra o piano e ao de leve a música atravessa a rua e senta-se à tua porta, o amor fala-te de como os sentimentos estão em vias de extinção. o teu nome é um charco preso ao meio da rua do meu.
2 comentários:
Haverá maior liberdade do que a curiosidade infantil de meter o pé num charco?...:)
Deixo-te aqui um pequeno escrito que só a ti dedico.
Debandou um pássaro do meu bando
Aquele que, em dias de cantoria,
Me ensurdecia de felicidade,
Que fez com que o ame de verdade,
Com que sonhe cores de alegria...
Hoje, até nem sei sei quando.
Choro agora seus olhos cativos,
O seu sorriso terno e quente
Que me chama, me traz sossego,
Sentimento que que não nego,
Que da palavra foi semente...
Choro agora teus olhos vivos.
Aninhaste nesta minha vida
Com a inocência de petiz,
Querer ser tudo do meu nada,
Vela de cetim desfraldada
Num amor que nunca fiz...
Lua e minha noite esquecida.
Enviar um comentário
< home