quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
à data da tua morte.
olha: é natal.
caem algumas gotas, são lágrimas no teu rosto avô e há garças que pousam nos teus ombros, encolhem-se e fazem planos de voos internos, migrações tardias. tu bates palmas com as mãos caiadas de rugas, então olhas-me e o teu rosto abre-se em ferida. será tarde? são horas de ser feliz e o relógio, entalado entre a parede e a tua ausência, rosna alguma saudade. o destino é um trevo de três folhas. da tua morte já só fala o corpo calado da avó, perdida ao canto da sala, vazia de ti, pintada de luzes que piscam e velas que iluminam alguns rostos felizes. quem me dera que voltasses, te sentasses no banco do costume e com o corpo inclinado te aquecesses na lareira, em chama aberta, em carne viva. a tua imagem a ser o natal. apartir de então todos os dias serão 24 de dezembro de 1974.
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