segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
enquanto espero por ti escrevo: o frio da rua deserta, caída ao fundo olhar, contorcendo uma dor qualquer que serve de agasalho à minha solidão.
tu desces a rua, vens devagar, o corpo inclinado sobre o peso do peito, são muitas faltas. o lado esquerdo desce mais rápido que o direito. às vezes dobram-se-te demais os joelhos e cambaleias, é talvez por isso que quase cais, ou a rua é demasiado inclinada ou és tu que és demasiado direita. tens as mãos cansadas, largadas ao abandono de cada passada, os pés não são certeiros e lá se vão metendo entre as fendas do passeio. os teus olhos trazem o corpo inteiro neles, tão encolhido que não sei como ainda te bate o coração, partido em duas metades iguais, servido numa bandeja de imperfeições. e tu desces a rua e a tua tristeza com ela, vens pequena, com o teu ar de mimosa coberta de geada.
3 comentários:
e nós que fingimos andar direito em linhas tortas. e não podia ser mais ao contrário...
beijo
a rua é torta...ou será que o Homem torno que é a torna torta?
Estes teus escritos, tão pessoais, tão profundos, tão teus.
beijo.
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