quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
porque no natal todos os passos são pequenos e o tamanho dos braços ultrapassa a distância... sento-me aqui, a sala é redonda, encolhida como o corpo caiado de frio, ao canto, sentado, espero-te entre as frinchas de luz atiradas contra o soalho, vindas da janela, por entre reflexos de uma tarde perdida num calendário onde o ano se finda. vim aqui falar-te de sentimentos como quem fala de linhas que se unem umas às outras na costura de um vestido, vim aqui falar-te com a voz rouca, tremida de frio, coberta de lã, mas as vozes que nunca falaram de sentimentos, acanham-se, perdem-se cá dentro, do lado esquerdo do peito. e é onde nos dói mais, o coração, ao lado, por dentro, onde as mãos não tocam, onde o que dói e arde e chora não pára e bate, por certo ao ritmo acelerado da minha solidão. vim aqui sentar-me, com a tarde a morder-me os calcanhares e a tua ausência a vestir-me as mãos de luvas escuras, vim aqui falar-te de amor mas perdi o jeito, triste, acanhado, de to dizer por entre outras palavras. calo-me.
1 comentários:
olá margarete. encanta_me a tua escrita.
tenho saudades tuas.
bjs.
flávio
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