quinta-feira, 2 de abril de 2009
eu tento, eu procuro, falar de ti como quem te chama, como quem te berra, te grita, como quem te afoga, em lágrimas te desfolha, te mata entre o peito, aberto em ferida, sem crosta. eu sei que há alguma coisa errada neste sentido, talvez não ter absolutamente sentido nenhum, talvez estar disposto de outra forma, noutra direcção. e sei que andar de cócoras magoa os joelhos e, ainda assim, ando, insisto, persisto, subsisto à dor, criei o hábito de nada já me doer, de ter os joelhos à boca dos pés, e as mãos serem empurrões certos. eu já não me existo, apenas e só me expiro, com o passar do tempo, com o encolher do espaço, me ardo, me transformo em cinza e, de fora, me recomponho, teço de expressões simples o meu rosto e faço-me outra, a mesma, a que ao falar de ti se dói inteira.
1 comentários:
Isto é excelente...
Precisa ser editado em livro.
Margarete, isto é poesia pura...
Bjos
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