quarta-feira, 9 de junho de 2010
queria escrever-te sobre o espaço contínuo onde um barco adormece o cais ao colo. tu sabes de que falo quando o silêncio se impõe entre os nossos corpos sós. é por ser de noite dentro das pálpebras e se ouvirem vozes caiadas de deserto fora da pele. queria descrever-te o barco feito por sal e gaivotas em vôos antecipados, tão quieto, um sorriso na proa à espera da maré alta ou do vento de sul. tão quieto. não há sobreviventes nesta imagem, só os meus dois olhos como buracos de luz que o horizonte evoca. falar-te-ei futuramente das estrelas, no mar cativas. esperam que as sereias as libertem. que um deus no mar afogue a escuridão e as falésias sejam pontos de abrigo. e é nas falésias que me nasce o coração quando te lembro. tinha tão pouco para te dar, sempre mais do que podia. hoje não vive em mim mais nada, só as partes do corpo que abraçaste.
2 comentários:
Parabéns, consegue passar, totalmente, para o papel aquilo que senti e acredita...
continue!
Visite o meu blog:
http://simplesmenteeu-duda.blogspot.com
As faxinas nã incomodas, porém necessárias. Revisitando antigas fotos e imagens, memórias de um tempo onde descobri as melhores e piores versões de mim mesma encontrei o seu blog, não me recordo qual deles, apenas duas imagens, uma com certeza sua, me trouxeram até esse último registro seu.
Não sei como está sua vida hoje, não sei sem se essa mensagem chegará até você, porém me era necessário te agradecer, deixar que soubesse que ainda hoje é recordada com carinho por alguém.
Sua escrita me encantou e encanta até hoje, meu muito obrigada por me ajudar em uma época tão complexa, mas não menos bonita ou importante.
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